quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

Laboratorio (escultura)









Circulo da Liduvina
Esta peça pode ter várias interpretações. Pode ser o acto de prazer sexual oral entre duas mulheres dado por elementos infantis como as bonecas. Pode ainda representar o ciclo da vida, de uma mulher que sai de outra mulher (que pode ser ela mesma!) de quem sai outra mulher e assim consecutivamente.
Pode ainda remeter para crianças que aprendem a andar, dado pelas pernas abertas que ao mesmo tempo podem aludir a todas as ideias anteriores.
Nesta obra será ainda montado um motor que vai permitir com que elas girem sobre si mesmas, o publico não poderá fazer parte desta experiência, será apenas incitado a criar a sua própria.
Voltando à interpretação de cariz sexual as bonecas estão crucificadas no seu próprio prazer procurando atingir um ponto que será o “X” em vez do “G”. O ponto “X” é dado pelas barras cruzadas onde estão presas, trata-se de uma metáfora espiritual, a procura de um prazer que acaba por não ter nada de carnal. É importante notar ainda que quando a boneca se encontra em baixo os seus olhos estão fechados e quando sobre eles estão abertos.As pernas da rapariga formam um triângulo que representa o órgão sexual feminino já desde a antiguidade assim representado, por sua vez esse triângulo aponta para a cabeça de outra rapariga, esta peça pode por a Mulher no centro do universo, a elevação da mulher, a luta feminista começada no século XX já fez coisas maravilhosas pela emancipação da mulher, mas ainda há características que faltam mudar, a independência total do Homem (não a sua exclusão), sendo a relação lésbica uma opção como qualquer outra.

laboratorio II Ideia Cancerigena







Esta obra de nome “Ideia cancerígena” apesar de aparentemente não ter relação com o conjunto de obras aqui apresentado está na base de toda a criação. Ela vem dar ênfase ao problema que o próprio artista se coloca na criação de uma obra, primeiramente pode não saber o que fazer, as ideias não vêm, quando se decide por alguma coisa a incerteza em relação à obra, se é o que esperava ou até se o publico a vai aceitar.

Placa de madeira pintada de preto, onde foi feito um furo com berbequim e foram mantidas as “raspas” e o pó que do furo saíram através de cola spray.

Nesse buraco foi colocada uma lâmpada pintada de vermelho com spray de modo a se criarem bolhas na mesma. Confere um aspecto de “lâmpada cancerígena” o paralelo da má ideia pois a lâmpada foi à muito convencionada como o símbolo do surgimento de uma ideia. Em volta da lâmpada esta uma forma oval de papel autocolante brilhante metalizado que pode para o espectador ter os mais diversos significados ou leituras. Eu relaciono essa forma com o sexo feminino e a ideia da concepção, uma das mais puras e vulgares simultaneamente formas de criação da humanidade. O começo de qualquer coisa que não existia previamente relacionado com o nascimento de um ser vivo que se formou através de duas minúsculas formas.

Laboratório



Meriolinda
Esta obra tem como suporte uma placa de mdf branca que foi pintada a cinzento metalizado com spray. Nas extremidades e a toda a volta coloquei um material que extraí do interior de uma almofada e pintei do mesmo tom. Uma linha vertical de papel autocolante cinzento brilhante divide a obra em duas metades onde estão colocados vidros em forma de brilhantes extraídos de um candeeiro antigo; são quadrangulares tendo o último o fim em ponta que parece apontar para baixo.Literalmente esta obra poderia ser lida como uma vagina no entanto muito mais se há a dizer. Há todo o conceito de procriação estritamente ligado à criação. Pode-se criar um paralelo entre estes dois termos. “nada se perde, tudo se transforma” ainda assim apesar de todas as influências a que somos sujeitos (os artistas as mais variadas desde outros artistas à forma como experienciam o mundo; os embriões com a influencia directa do espermatozóide do pai e o óvulo da mãe) é possível criar algo original.




Carta
Este trabalho é uma carta, uma dama de Ouros em que a cara da mulher alude à de Beatriz Costa. O facto de o naipe- ouros – que deveria estar a vermelho estar a preto transmite um certo negativismo, uma carga energética forte acrescida pelas barras pretas (ou brancas depende do ponto de vista do observador) que dão uma ideia de aprisionamento, forma essa que aparece representada noutras obras. A escolha da carta, a Dama, em detrimento do Ás deve-se ao facto da Beatriz ser um ícone e representar as mulheres da sua época, a verdadeira Dama, um significado talvez um pouco literal demais, mas afinal quantas pessoas comuns apreendem o que quer que seja de uma obra abstracta. Esta obra pode servir como uma ponte até esse mesmo publico que poderá vir a interessar-se pelas restantes.
Nesta obra estão representadas duas mulheres invertidas que estão unidas pelo centro do corpo ou pela área genital, pelo prazer que dão à outra, com significado similar está o losango que não é mais do que dois triângulos unidos (triângulos esses que desde a antiguidade apelam ao sexo feminino)originando assim uma nova forma, uma nova ideologia do sexo por assim dizer (homossexualidade), podendo significar que a mulher é a rainha do seu próprio prazer/sexo/poder.o padrão das riscas aqui também alude à questão das mulheres estarem presas à antiga ideologia tanto de vida como sexual.



What would you do?
Este trabalho é parte de uma apropriação de uns postres que eram para o publico levar. Esse poster original era todo preto com letras a branco “What would Neil Young do?” no âmbito de uma exposição no museu de arte contemporânea de Miami onde o tema era musica. Adaptei essa frase para “what would you do?” criando assim um paralelismo à ideia original, esta frase esta colada numa placa de madeira disforme com a forma de um “L” invertido manchada de preto e um espelho na parte superior. Tudo isto está coberto de plástico transparente.

O plástico cria uma barreira entre o espectador e a obra que tenta a todo o custo ser trespassada através da pergunta pessoal feita directamente ao espectador como do espelho que reflecte a sua imagem num duplo sentido pois também obriga o espectador a reflectir na sua vida, as soluções que escolhe na resolução de cada problema.





Esta obra é o resultado do estudo da imagem da Beatriz costa. Foram transpostos materiais “ricos”, vistosos que dão a ilusão de ostentação como os brilhantes e o papel autocolante brilhante prateado com materiais pobres como o suporto que é uma velha placa de madeira. O objectivo foi relacionados de forma a que funcionassem bem juntos mas deixando presente este contraste de materiais. Também está presente o contraste de formas a começar pelo próprio suporte que tem uma forma ligeiramente irregular e algumas manchas, assim com o cabelo e a face de Beatriz Costa com formas orgânicas (característica das formas humanas) e ainda do acumulado de esferovite com formas rígidas e simétricas em questão as barras horizontais que também conferem estrutura e do suporte de candeeiro colocado na parte superior esquerda da obra. Tanto o suporte do candeeiro como as barras aludem indirectamente a uma prisão, sobretudo na corrente de ferro (um material já por si forte, pesado e difícil de trespassar) no entanto trabalhado de uma forma meticulosa quase orgânico que apela ao luxo.

Desenho V Auto retratos


Nesta obra foi usado o suporte de um placar de promoções do super mercado “Modelo” que publicita um desconto de 50 % para pessoas com cartão de cliente. Sobrepus o meu auto retrato a este placar que só por si é uma peça de design e nunca uma obra de arte pois tem um objectivo em si – a comunicação com o publico. Tem um fundo azul com um circulo a meio a vermelho e amarelo com “50% entre outras informações” que emerge de uma luz que irradia atrás de si. O meu rosto está em transparência através de um quadriculado irregular feito a marcador preto e do preenchimento de algumas dessas quadrículas a preto também. Contém ainda duas barras uma horizontal ao nível do olho e uma vertical do lado direito da imagem que concede uma noção de equilíbrio. A escolha do suporte foi essencial nesta obra pois mais uma vez está directamente relacionado com o meu background, o local onde vivi assim como com a frieza comercial a que estamos expostos todos os dias, com uma série de resoluções milagrosas para os problemas monetários através de empréstimos, descontos, promoções entre outras coisas resultados óbvios de um estado capitalista em ascensão, ou não.


Fundo a preto pintado a spray, rosto e cabelo a papel autocolante prateado brilhante; olhos e nariz a preto executados com técnica de stencil e boca na mesma técnica a vermelho.
Este trabalho é diferente dos outros auto retratos na medida em que é mais directo, de uma leitura mais fácil e acessível.
Não foi o meu objectivo estar bonita na fotografia que tirei e sim ter um ar sério, rígido e sóbrio. Envernizei a totalidade da obra.

O verniz não só abrilhantou a superfície como lhe conferiu textura e reagiu no papel autocolante de uma maneira singular. O meu rosto acaba por reflectir o que quer que esteja à frente, sendo uma pessoa reflecte a imagem do próprio observador. Podemos pensar de duas formas: ou que a imagem reflectida é o que me vai no pensamento, no presente, passado ou futuro ou ainda criar uma ponte entre mim e o espectador que se pode de certa forma rever em mim ou eu nele criando esta ligação pessoal.

Os materiais usados nesta obra foram papel autocolante branco, preto e prateado brilhante. É uma adaptação de uma fotografia minha, “em jeito de auto retrato”. Apesar da imagem visual que pretendia passar está por trás o conceito de irreverência. A imposição de tantas regras à sociedade, regras de etiqueta e convivência que são obviamente necessárias mas no entanto precisam de ser questionadas, é a única forma de evolução. O acto de meter o dedo do nariz é mal visto pela generalidade das pessoas, apenas perdoado a crianças e ainda assim com direito a repreenda. O facto das crianças o fazerem prova que nos é instintivo, faz parte de nós mas nos é retirado para não sermos mal vistos pela sociedade e sobretudo para nos inserirmos. Por o dedo do apesar de instintivo e de mal visto é um gesto que trará prazer em potencial. Prazer esse que só não existe se os bloqueios e preconceitos da mente da pessoa que o executa não o permitirem. Eu proponho que exploremos todos esses actos que não devemos fazer.
Apesar da maioria da obra estar a preto existe o contraste dado pelo branco e a subtileza do prateado para nos despertar os sentidos (em termos visuais).



Uma obra que nos faz recuar no tempo mais de um século. As gigantescas chaminés cuspiam intermináveis torrentes de fumo para a atmosfera, mostrando toda a força de uma industrialização crescente e imparável. Cá em baixo, nas cidades, uns enriqueciam, outros na ruína, tentavam sobreviver. Foi uma época de força, de glamour, mas de máscaras e falsidade. O observador toma o papel de flâneur, olhando à distância o lado implacável e negro desta época a que muitos, lutando para se afirmarem, não sobreviveram.
É assim que a vejo e que a sinto tanto pelas barras verticais de papel autocolante prateado que aludem a edificios, como pelo acizentado (spray) que perfaz o contorno da face, como pelos brilhantes colocados na parte superior da imagem que se deslocam em direcção às barras exercendo uma tensão visual que só é batida pela boca a vermelho, loca esse que é o centro da imagem.



Esta serie de auto retratos foi começada no âmbito da disciplina de desenho V no entanto vai ser apresentada também à disciplina de laboratório pela ligação óbvia com as outras obras elaboradas para essa mesma disciplina. O suporte é uma placa de madeira irregular e com manchas e os materiais usados foram papel autocolante ( quadrados e barras) e uma película de bolhas de ar de polietileno. Esta película tem a forma negativa da minha cara e foi pintada com spray vermelho e posteriormente com uma fina camada de spray prateado que conferiu um aspecto brilhante. As barras de papel autocolante vermelho assim como os quadrados de papel autocolante brilhante prateado remetem-me pelas suas formas rígidas para um ambiente urbano e cinzento não deixando de ter um toque brilhante. A influência do meu background é óbvia, pelo sitio onde cresci Lisboa que apesar de ser uma cidade muito bonita e apelativa pelos seus edifícios antigos e bairros tradicionais também tem uma forte componente industrial sobretudo comparada a outras cidades mais pequenas como Faro.

Desenho III












Desenhos livres finais


Estas obras foram executadas no âmbito da disciplina de Desenho III,de tamanho A1 estão de alguma maneira ligadas às anterior, ambas são perspectivas, desenho com técnica rigorosa ou representação de espaço. No primeiro desenho utilizei três pontos de fuga o que conferiu a vista “afunilada” dos prédios que parecem quase demasiado altos e estão a ser vistos de cima. Uma perspectiva que habitualmente não veríamos no dia-a-dia. No centro da imagem encontra-se uma cadeia de prédios, que “fogem” para a esquerda e para a direita, no canto inferior direito encontram-se árvores que pelo seu traço ondulado e grosso contrastam com o resto do desenho geométrico. Duas diagonais em preto atravessam a folha sendo a da esquerda cortada pela da direita. Nesta obra o céu foi pintado a preto para que as cores berrantes dos prédios sobressaíssem ainda mais (amarelo, rosa e verde), foi também pensado a utilização da cor preta para as janelas mas pensei que perdia um pouco da expressão que eu queria dar).
Os materiais utilizados são marcadores florescentes. O desenho do lado direito foi feito a partir de dois pontos de fuga, um à esquerda outro à direita, os materiais são papel autocolante, spray cinzento e marcador preto.
Ao contrário da imagem precedente onde quis mostrar o lado cru, puro, concreto do lado civilizacional, neste quis mostrar o lado mais tradicional, rico e abstracto das nossas vivências. É um desenho de linhas mais simples que é compensado pelos padrões florais no edifício, no carro e na pessoa. Pretendi aqui que tanto o céu como o chão fossem menos concretos, onde o centro é o edifício, para o céu usei papel autocolante preto para que não fosse demasiado óbvio o que estava representado, como seria se eu tivesse utilizado um tom de azul por exemplo. Aqui as linhas rectas contrastam directamente com as linhas curvas dos padrões criando uma tensão entre umas que tentãoconstruir o desenho da perspectiva e as outras que puxam para um lado mais imaginário e menos definido.